Limites e Possibilidades

Nitidez e sombreamento  

A aula sobre projeções mapeadas e live cinema me estimularam a pensar em como solucionar a questão da visibilidade e visualidade de cenas que envolvam a interação entre imagem projetada e corpo do ator/performer/dançarino, enfim, pessoas envolvidas com as práticas cênicas. Enquanto o ator se movimenta, se expressa, se comunica e sua presença está se integrando às projeções na rotunda do palco, por exemplo, a  tridimensionalidade e a presença do ator acabam sendo prejudicadas pelo sombreamento de sua expressão. A visibilidade produzida com o efeito dessa integração privilegia, pela luminosidade, muito mais a projeção que o ator em cena. Os olhos tendem a buscar o que é mais visualizável e, assim, talvez os intuitos comunicativos de uma proposta cênica possam sair prejudicados. A nitidez privilegia a projeção e encobre a atuação da tridimensionalidade do corpo do ator.  É claro que tanto os limites quanto as possibilidades dessa tecnologia sempre serão estimulantes para o trabalho artístico. Continuo em minhas reflexões de como visualizar concomitantemente ambos os elementos, Ator e projeção. 

A ideia de imersão

Nas artes plásticas, por exemplo, essa integração foi muito satisfatória. Como exemplo cito a  exposição digital de Van Gogh no Atelier des Lumières. O público visitante do museu imerge nas pinturas do expressionista holandês e percebe, em uma escala muito maior que nas telas originais, o estilo das pinceladas, a escolha dos matizes, as inovações de sua proposta estética, suas diferentes fases artísticas, suas inspirações, etc... Vincent Van Gogh produziu mais de 2.000 quadros, mas os mais conhecidos podem ser vistos com uma dimensão de 15.000 metros quadrados, com movimentações e sonorizações. São mais de 2.000 filmes que impressionam e criam um impacto visual irresistível, até para aqueles que não entendem de artes plásticas.

A. Cristiane Candido