O mundo virtual de Dolores (nono capítulo)

 18 horas de sequestro

- Zeref, Sra. Karla, não façam barulho... Vou tentar dar um jeito de afastar eles e vocês correm, tá bem? - Diz Iris, sussurando
- Mas Iris, e se eles te pegarem? Isso tudo é minha culp...
- Para de falar isso menino, você não está sozinho nessa, enfim, vou correr no 3...

(1, 2, 3...)

Iris corre o mais rápido possível para trás de caixas de ferro que estavam do outro lado do balcão abandonado. Ela é vista por um dos sequestradores, tenta não fazer muito barulho, porém era tarde demais pois um deles tinha vindo da porta de entrada escondido. Com a arma apontada para seu rosto, em poucos segundos Iris se recorda de vivências maravilhosas que teve com Dolores, sabia que nada tinha sido em vão. Uma lágrima escorre pelo seu olho esquerdo, levemente, e sua última obra de arte seria seu sorriso de não arrependimento colado em seu rosto.

(Sons de tiros)

Momentos antes 

- Será que não podemos mesmo chamar a polícia? Eu não vejo saída a não ser isso, Dolores. - Diz Iris, com a voz trêmula
- Calma amor, eu to pensando em alguma forma da gente resolver isso.
- Eles disseram que vão matar minha mãe se eu não for sozinho, só que eu não tenho como pagar isso tudo.
- Se eu tivesse metade disso até pensava em alguma forma de conseguir o resto, só que é impossível, um milhão é muita coisa, sacanagem desses desgraçados - Diz Dolores, com raiva
- Você têm alguma ideia de onde eles podem ter escondido ela? - Iris pergunta
- Não, eu nem vi o rosto desses caras, e não parecem ter relação com aqueles traficantes de antes...
- EU TIVE UMA IDEIA - Diz Dolores, com um ar de esperança  

Dolores corre para seu escritório e vai para o computador. A única forma de resolver isso tudo era tentar visualizar os dados de acesso do dispositivo relacionadas ao IP do celular da Sra. Karla. A única informação que encontrou foi que ela tentou ligar para a polícia quando estava sendo sequestrada, depois disso os bandidos tomaram seu aparelho. Então, Dolores pensou em visualizar de maneira diferente. Ela fez um pequeno gráfico de diversas cores, onde cada cor representava um horário de acesso diferente, eram relacionados aos aparelhos, com GPS ligado, que estavam nas proximidades do celular de Karla no momento do sequestro. Um dia antes do ato, foi encontrado pelo menos 2 horas de pesquisa a respeito de onde Zeref morava. Os sequestradores precisariam saber o momento em que Karla estava em casa, a hora que poderiam invadir a casa para realizar o sequestro, conseguir levar ela sem gerar suspeitas das vizinhanças, e também realizar a comunicação para transportar Karla para o local em que ela estaria raptada sem causar também suspeitas a polícia. Dolores encontrou diversos padrões nos históricos de acessos e pesquisas relacionadas ao endereço de Zeref, dados que tinham sido apagados mas que ainda assim constavam pequenos fragmentos no banco de dados. Depois de organizar o gráfico por cores em seus respectivos horários, o principal padrão encontrado foram de 3 aparelhos que pesquisaram no mesmo local sobre o mesmo procedimento; como a sequestrada seria transportada. Cheque mate, Dolores tinha segurança para arriscar nessa parte do gráfico. Depois de relacionar o IP dos três aparelhos, foi confirmado que ambos estavam no mesmo endereço, que levava a um balcão de uma antiga empresa que não estava mais sendo utilizado.

- Agora sim podemos avisar a polícia, acho que isso é o máximo que podemos fazer - Diz Dolores
- Mas eles pareciam falar sério, se eles suspeitarem que a polícia sabe de algo eles vão fazer o pior - Diz Zeref
- Verdade, a gente não pode arriscar assim, Dolores. Acho melhor Zeref ir com uma mala vazia junto do cara que vai vir aqui, daí a gente segue eles de carro e constata a polícia - Diz Iris
- Ainda é arriscado, pois ele pode abrir a mala. Vou tentar avisar a polícia antes, pra não corrermos o risco deles demorarem e a gente se ferrar lá, mas acho que é o melhor que encontramos até agora - Fala Dolores, preocupada

Horas depois

(Um carro para na porta de Zeref)

Dolores e Iris seguem o carro que Zeref entrou, e elas constatam a polícia sobre o local onde possivelmente Sra. Karla estava. Chegando na entrada do balcão, Zeref entra com a mala e logo na frente Dolores avista os policiais escondidos atrás dos carros, preparados para invadirem. Eles olham as duas e dão um sinal para elas não se moverem, só que Zeref estava bem no meio de tudo e poderia ser atingido se houvesse um conflito armado. Dentro do balcão haviam alguns bandidos armados, e qualquer movimento brusco seria o fim. Sra. Karla aparece amarrada junto do bandido logo na entrada do local, Zeref entrega a mala e corre para abraçar ela. Era tudo ou nada. Os policiais correm e atiram em um dos bandidos, a troca de tiros começa. Policiais no chão, sequestradores também. Dolores e Iris desobedecem a ordem dos policiais e pulam o muro dos fundos e entram por trás do balcão. Dolores avista um policial ferido logo do lado, e tenta o ajudar. Iris corre e pula a janela,  conseguindo avistar Zeref e Karla escondidos numa salinha. Ela então se junta aos dois para tentar sair dali.

(sons de tiros por todo lado)

- Senhor policial, você consegue se levantar? - Pergunta Dolores
- Tô sangrando muito, se eu me mover mais vai piorar, saia daqui senhora, é muito perigoso - Com dificuldade para falar, o policial se expressa
- Eu não posso, pessoas que amo estão em perigo
- Deixa de ser teimosa
- Eu não posso, desculpa.
- Então toma isso, por precaução, é só apertar o gatilho.

Dolores avista Iris pela janela que estava sendo perseguida pelos bandidos. Ela corre para a entrada e não tinham mais sequestradores vivos do lado de fora, e então a única imagem que passou pelos seus olhos foi a de uma arma apontada para o amor de sua vida.

Ela não pensou duas vezes e atirou contra as costas do bandido. Ele cai no chão, e Iris começa a chorar. Lágrimas de alívio se alastravam por todo local. Porém, o sufoco ainda não tinha terminado, pois outros bandidos ainda estavam dentro do balcão abandonado.

Continua...
[Francisco Felipe Reis Alves]


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