Cultura livre e inovação nos games: como incentivar a liberdade criativa melhora ciberespaços.

Cultura livre e inovação nos games: como incentivar a liberdade criativa melhora ciberespaços.

Pensando na realidade que a produção de conteúdo relacionado a área de games se encontra, sendo um mercado que em alguns aspectos já se apresenta saturado, com muitas repetições de idéias dentro de gêneros semelhantes, demonstrando uma certa preguiça e falta de criatividade por parte de grandes desenvolvedoras já acostumadas a repetir as mesmas fórmulas geradoras de lucro, podemos acabar ficando um pouco desanimados com perspectivas de inovação dentro da área. Porém, ao contrário dessa tendência de uniformização e padronização de mídias, vemos todo um movimento de inovação por parte de desenvolvedoras independentes(indies), grandes desenvolvedoras(embora já sejam exceções) e por parte da própria comunidade gamer. E uma das principais formas de desenvolvimento de inovação que podemos encontrar é a cultura de Mods. Alterar a estrutura base de jogos, com o intuito de fazê-los operar de forma diferente se tornou uma ferramenta original, que além de trazer novas mecânicas, novas histórias e nuances à aquilo que já era conhecido nas comunidades, trouxe até a possibilidade de criar novos jogos a partir daquilo que nos era apresentado. Ao dar a possibilidade de uma ferramenta de edição para os próprios jogadores, desenvolvedoras deram um grande passo na criação de novos jogos, que como os exemplos a seguir, acabaram por dominar um mercado.

Dota 2/League of Legends (Derivados de Warcraft III): Os dois MOBAS mais influentes da atualidade têm origem relacionada diretamente a um Mod de Warcraft III, jogo de 2002, da Blizzard.
                                                                                                Dota 2


League of Legends
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Counter Strike 1.6 (Derivado de Half Life): Counter Strike, jogo que foi febre de público no Brasil e no mundo durante muito tempo, e que tem grande responsabilidade em popularizar as lan-houses mundo a fora, é nada mais, nada menos do que um título derivado de um mod do jogo Half Life, da Valve, que após ver seu potencial, tratou logo de adquiri-lo e continuar o trabalho de desenvolvimento.
                                                                                         
                                                                                         Half Life
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                                                                                     Counter Strike 1.6
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Team Fortress 2(Derivado de Quake): Team Fortress, jogo da valve, é derivado de um dos primeiros FPS's já feitos para computador, o famoso Quake(1996) da desenvolvedora ID Software. Projetado como uma modificação do jogo original, o jogo agradou a Valve, que contratou os criadores para realizar um novo jogo a partir dele.

                                                                                            Quake
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                                                                                        Team Fortress 2
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Mas, depois de tanto ler sobre como estes jogos se formaram, você provavelmente deve estar se perguntando, o que tudo isso tem a ver com "Cultura Livre"afinal?

Quando pensamos em Cultura Livre, nos referimos ao conceito criado pelo professor da faculdade de direito de Harvard, Lawrence Lessig, que em seu livro "Free Culture: How Big Media Uses Technology and the Law to Lock Down Culture and Control Creativity" fala sobre uma nova perspectiva de cultura e de liberdade cultural, advinda da era digital, em que questiona a privatização de conhecimento e defende a idéia de todo conhecimento ser livre, seja para compartilhamento, cópia, uso, distribuição,de uma forma que não afete os direitos de propriedade intelectual. Pensando nessa idéia, criamos um paralelo extremo com a situação dos mercados de produção cultural, como o de jogos por exemplo. Embora a cultura de Mods esteja presente já a bastante tempo, muitas empresas ainda mantém posicionamentos contrários a esse movimento, geralmente por motivos relacionados a perda de lucro, ou a simplesmente por não se sentirem confortáveis com a competição que o surgimento de novas idéias baseadas nas suas pode trazer. Uma perspectiva dessa acaba se demonstrando bastante egoísta quando pensamos num cenário maior, como o da própria evolução da mídia em si. Jogos cada vez mais necessitam de seus antecessores como fontes de inspiração, para buscar aquilo que já existe e ressignificar, buscando transformar em algo evoluído, ou simplesmente diferente do habitual. Mas para que situações como essa continuem ocorrendo, é necessário repensar a forma como a indústria e o pensamento que visa o capital atua sobre essa área. A disputa por propriedade de ideias, mecânicas e gêneros, acaba transformando toda a comunidade em um cenário hostil para novas criações e chega a ferir o legado de todo um passado de aperfeiçoamento e desenvolvimento que resultou em jogos tão populares ultimamente.  Para que esta comunidade tão gratificante de se fazer parte possa continuar sendo uma grande fonte de ideias, a liberdade para criar será sempre fundamental, e está na hora de todos entenderem isto.

Guilherme Benfica - B.I de Humanidades




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