"Antropofilosoastroarte - Star Uó" - Uma performance de despedida


2014 foi o ano que marcou a descontinuidade do Grupo CoMteMpu's em sua formatação tradicional, a de um grupo de artistas/estudantes/amigos em produções estritamente coletivas. Um ano também de transformações pessoais severas. Nessa época eu começava a buscar entender sobre assuntos como física quântica, astrofísica e demais campos do conhecimento que vem apresentando, nos últimos dois séculos, atualizações para a visão de mundo que herdamos do iluminismo, e que por isso, ainda não são totalmente assimiladas em nossa vida prática em sociedade, ao menos ao grande público.
Foi nesse ano também que encerramos oficialmente o projeto de manutenção do grupo, com um evento no multiespaço Lalá, no bairro do Rio Vermelho. Neste evento, propus o que foi minha primeira performance "solo" (explico as aspas em breve). "Antropofilosoastroarte - Star Uó"´, em seu título representava literalmente esses novos interesses: antropologia, filosofia, astronomia e arte, seguido de um signo, meio que piada interna, "Star Uó". Sim, uma sátira que se utiliza da sonoridade da obra de George Lucas, Star Wars para localizar um lugar em que muitas vezes nos flagrávamos no fazer artístico e as inconstâncias deste. Derivado de uma campanha virtual que visava chamar a atenção da FUNCEB para os repasses de verbas que acabou se tornando signo das nossas frustrações e dificuldades como artistas independentes.
Sentindo "o vento frio que antecede a chuva", decidi criar algo que falasse ao público que o CoMteMpu's, como o público se acostumou a acompanhar, provavelmente nunca mais voltaria a ser o mesmo e, ao mesmo tempo, apresentar aspectos particulares que me projetariam para o que estou hoje. Um trabalho que se utilizou da agonia proveniente da entropia para gerar um lugar de leveza. 


Tecnicamente a performance tinha o suporte de um projetor conectado a um computador onde o artista visual Vinícius Ferreira (por isso "solo" entre aspas) fazia intervenções com um tablet de desenho em imagens pré selecionadas que dialogavam com o corpo em cena. Na trilha sonora, entre texturas, fora inserido um trecho de entrevista do cantor Gonzaguinha no programa Ensaio, da TV Cultura, onde o mesmo narra o contexto do MAU (Movimento artístico Universitário) e o porque do grupo se desfazer. O texto identificava muito o momento em questão no discurso da performance e foi inserida como informação indireta de alerta aqueles mais atentos.
A performance apresentava também uma nova fórmula recém descoberta em anotações de Albert Einstein que admitiria o fator fantasmagórico à distância, que à época teria sido deixado à margem dos estudos publicados pelo relativista por ser de tamanha complexidade, que poderia comprometer sua carreira. O intuito era trazer a ideia de que certos níveis do conhecimento só podem ser acessados quando avançamos com o inconsciente coletivo.
Como reza a cartilha conservadora da performance, tal apresentação ocorreu apenas nesse tempo-espaço que revisitamos através desta postagem e serviu ao propósito aqui relatado.
Atualmente, trabalho numa ideia de uma performance transmídia, de nome “Abelha- Homem”. Uma dramaturgia em torno de um personagem central, numa realidade distópica. Onde pretendo discutir questões ecológicas e também questões pessoais, numa obra que se desencadeará em história em quadrinhos, audiovisual e performance/instalação.
Video Mapping, Interação entre corpo e dispositivos eletrônicos, Fotografia, Vídeo, são alguns elementos da arte digital que emergem com as primeiras ideias do roteiro geral.



[Postado por Eros Ferreira]

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